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Pluma de fumaça de queimadas na Amazônia atinge o estado de Goiás

A pluma de fumaça de queimadas originada principalmente na Amazônia deve afetar o estado de Goiás pelo menos até o dia 18/09/2022, podendo impactar a saúde da população.

As queimadas ocorridas no Brasil geram diariamente fumaça que se acumula em uma grande pluma de escala continental que se estende a centenas de milhares de quilômetros quadrados, cobrindo uma extensa área da América do Sul durante todo o período seco da região central do Brasil, principalmente durante o inverno. 

Durante os meses de julho a agosto, essa pluma regional de fumaça geralmente é transportada pelos ventos alísios em direção à Cadeia dos Andes e, ao atingir esta barreira, se desloca em direção ao sul do continente atingindo a porção oeste do território brasileiro, bem como Peru, Bolívia e Argentina. A partir de setembro, o avanço periódico das frentes frias em direção às regiões Sudeste e Centro-Oeste pode bloquear o transporte da fumaça em direção ao sul do continente e desviá-la em direção ao Oceano Atlântico passando sobre as regiões Sul e Sudeste do Brasil.

A atual pluma de fumaça de queimadas originada principalmente na Amazônia, que também passa sobre o estado de Goiás (Figura 1) e cujo padrão foi iniciado no dia 13/09/2022, deve permanecer sobre a região pelo menos até o dia 18/09/2022, conforme resultados do modelo numérico ambiental do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) (Figura 2). A configuração atual da pluma está associada à passagem de uma Frente Fria pelas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e que deverá afetar também a região Nordeste do país. 

Neste ano, os focos de calor associados a queimadas detectados no bioma Amazônia apresentam um incremento de 50 % em relação ao observado no mesmo período de 2021. Foram registrados no bioma mais de 70 mil focos que representam quase 60 % de todos os contabilizados no país em 2022, sendo o maior registro para o período desde o ano 2011.

A fumaça presente na pluma provoca um aumento da poluição do ar que traz como consequência um incremento dos casos de doenças respiratórias nas regiões afetadas. 

 

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Figura 1: Dados de profundidade óptica do aerossol (AOD) (camada colorida) do sensor Moderate-Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) (combinando medições feitas nos satélites Terra + Aqua) indicando a pluma de fumaça no dia 16/09/22. Também se observa a nebulosidade sobre a região. Em destaque a cidade de Goiânia.

 

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Figura 2: Previsão do modelo numérico ambiental do INPE para a espessura ótica do aerossol no canal 550nm (AOD) nos dias 17/09/2022 (a) e 18/09/2022 (b) às 18Z (inicialização em 15/09/2022 às 00Z).

*A escala de cores utilizada na elaboração destas figuras é diferente à utilizada na figura de AOD obtida com o sensor MODIS e mostrada anteriormente.

 

A variável AOD está associada à quantidade de fumaça na coluna atmosférica e, em geral, apresenta valores em torno de 0,2 na região da Amazônia, na ausência de fumaça. Nos últimos dias, o produto que combina as medições de AOD feitas utilizando o sensor MODIS mostrou valores acima de 1 para essa variável em várias regiões, incluindo áreas de Goiás. Em Goiânia, foram observados valores de AOD acima de 0,7.

A identificação dessa fumaça no céu é possibilitada especialmente nos horários do nascer e do pôr do sol, quando a distância percorrida pelos raios solares na atmosfera é mais longa.

Fonte: Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Cerrado (CEMPA-Cerrado)